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É tudo podcast?!

A maior parte das pessoas tem usado podcast como o termo que define qualquer conteúdo de entretenimento ou informação, que pode ser ouvido e que não é música. Mas ao mesmo tempo que isso facilita o entendimento do que é um conteúdo em áudio - um formato que apesar de não ser novo, virou escolha de entretenimento digital faz pouco tempo - a gente acaba muitas vezes por considerar que podcasts e audiobooks por exemplo, estão muito distantes, e isso não poderia ser menos verdade…são todas histórias para ouvir. O Guga Mafra inclusive criou um terceiro nome, no meio do caminho: Podbook (marca registrada dele aliás).


É interessante que temos a tendência de querer enquadrar tudo em um mesmo nome familiar, para facilitar nossa vida - tipo bacon vegano - mesmo que dentro deste nome caibam coisas completamente diferentes no áudio, como um mesacast e um podcast de ficção.


O que me faz pensar que podcast no Brasil virou o nome oficial e familiar de tudo que pode ser ouvido mas não é música, algo como o Bombril ou a Gillete do áudio. Já vi conceitos muito diferentes sobre o que é um podcast, tipo: se tiver propaganda é podcast, se não tiver é audiobook; se é grátis é podcast, se é pago não…não concordo com nenhuma delas.


Existem sim diferenças de estrutura narrativa e na maneira como você entrega o conteúdo, se seriado ou de uma só vez, mas no fundo o ouvinte quer saber mesmo se a história é boa…se for ele vai ouvir. Até porque um audiobook pode ser ouvido em capítulos e um podcast pode ser maratonado.


De qualquer modo, vou colocar aqui como na indústria temos diferenciado esses conteúdos:


  • PODCASTS: conteúdos tipicamente mais curtos (em média 1 hora) que são divididos em episódios e temporadas. Dentro deste formato existem categorias como: mesacast, notícias, ficção, true crime, etc. Pode ter 1 ou mais vozes.


  • AUDIOBOOKS: conteúdos mais longos (em média 8 horas) para serem consumidos em um único conteúdo, dividido em capítulos. Audiobooks podem ser parte de uma série com mais de 1 título. Dentro deste formato existem categorias como: fantasia, romance, biografias, negócios, etc. Normalmente 1 voz.


  • AUDIODRAMA: conteúdos com mais interpretação, efeitos sonoros e trilhas musicais. São conteúdos que têm duração mais próxima do podcast, com 1 ou 2 horas. Dentro deste formato existe uma concentração em conteúdos de fantasia e ficção, mas também existem adaptações de peças de teatro e grandes reportagens.


  • AUDIOSERIES: mais do que um formato, uma maneira de organizar o conteúdo por episódios e temporadas, bem semelhante a séries em vídeo.


Podcast, Mesacast, True crime, Audiobook, Notícias, Audiodrama, Podcast de Ficção Audioserie…são muitos nomes! Mas a verdade é que tudo isso é áudio entretenimento. Claro que existem diferenças de narrativa entre uma história de ficção com 8 horas de duração e um bate-papo entre 3 pessoas que dura 1 hora. Existem também particularidades de paisagem sonora, sound design, etc.


Acho que poderíamos definir que ouvir é mais importante do que o nome técnico do formato. Mas acho que ainda estamos no início dessa jornada por aqui. E essa definição vem muito das plataformas também: o que o Spotify chama de podcast de ficção, a Storytel chama de audiodrama. A rigor, são conteúdos de ficção em áudio.


Esses dias ouvi um podcast com profissionais da indústria. Todos foram perguntados sobre o que entendiam como o futuro do podcast. Todos foram unânimes em dizer que: narrativas mais longas em áudio são uma opção bem interessante. Isto já existe, chama-se audiobook.

Mas é interessante perceber como ainda são tratados como mundos diferentes.


Meu sonho de consumo é que a gente chegue em um momento no áudio onde as pessoas coloquem seus fones de ouvido simplesmente para ouvir uma história, independente do formato ou do nome técnico. Porque quando falamos do vídeo, ninguém diz "ah hoje eu tô de boa, vou ficar em casa vendo um filme feito para o cinema filmado em 4k de curta duração na Netflix"...você simplesmente diz: vou assistir alguma coisa.


E você, acha que tudo poderia ser simplesmente áudio? Tudo deveria ser chamado de podcast para facilitar? Ou que precisamos diferenciar os conteúdos com nomes diferentes?



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