Faz tempo que não escrevo por aqui... desde que a pandemia começou acho que profissionalmente acabamos nos fechando ainda mais em nossos mundos e empresas, muitas vezes pela sobrevivência, outras pela necessidade de isolamento social. Mas acredito que, ainda mais agora, é preciso que a gente troque, se ajude, compartilhe o que funciona e com isso possa contribuir.
Por isso volto, doando o que acredito que possa ser minha melhor contribuição para o mercado que me deu tanta coisa: as coisas que temos feito aqui na Storytel, em uma posição – consciente e grata – de extremo privilégio, por sermos um negócio 100% digital. Espero que este artigo e os próximos que virão possam ajudar de alguma maneira.
Vamos lá: os audiobooks não são algo recente, o que mudou foi a possibilidade de distribuição e comercialização, através de celulares e usando a internet. Isso tem mudado o jogo globalmente e permitiu conquistar uma leva de pessoas que nunca haviam ouvido um livro antes, ou que sequer consideravam ouvir conteúdos literários.
Claro que os leitores são um público natural para os audiobooks. Mas uma parcela - muito - relevante de consumidores está em uma categoria de não leitores... pessoas que não leem, não tem esse hábito, mas que adoram histórias e que já tem, por outro lado, o hábito de consumir conteúdo digital via apps de streaming como a Netflix, o Spotify, a Globo Play e tantos outros. É preciso chegar até eles e pra isso precisamos nos conectar com outras formas de conteúdo e nos abrir para além do ciclo já fatigado de formatos, divulgação e vendas em que nosso mercado está há tempos.
Quero então, retomar esta coluna com um projeto da Storytel que ilustra bem o quanto navegar por diferentes universos de conteúdo e formatos pode expandir a possibilidade de consumo de histórias, além de mostrar como o áudio cresce e se consolida como uma alternativa de expansão de consumo e vendas para autores e editoras.
O título
Carta ao Rei foi escrito pela autora holandesa Tonke Dragt e publicado no Brasil pela WMF Martins Fontes. O livro conta a história de Tiuri, um menino que está prestes a se tornar um cavaleiro, mas que recebe uma missão de levar uma carta ao Rei um dia antes disso acontecer. Uma história de ficção, com todos os elementos da jornada do herói e cheia de aventuras.
A voz
Guga Mafra
Esse título foi licenciado pela Storytel com exclusividade no Brasil para que se transformasse em um Audiobook e aí vem a primeira coisa importante desse projeto: a escolha da voz. No áudio, este casamento entre voz e história vai determinar, literalmente, o sucesso ou o fracasso de um conteúdo. A voz precisa se encaixar na história e precisa conversar com o público que se interessa por ela.
Se você é autor ou está a frente de uma editora e está entrando no mundo dos audiobooks, fique sempre, SEMPRE, muito atento a escolha da voz para cada audiobook que você ou um parceiro for produzir. Este primeiro passo é crucial para um bom audiobook.
Por isso escolhemos o Guga Mafra, podcaster e produtor de conteúdo. Pra quem não conhece o Guga, ele tem um podcast (um dos maiores do Brasil) chamado Guga Cast e já tem experiência com a voz profissionalmente. O que tentamos fazer aqui: trazer uma voz que tenha aderência com o conteúdo e que traga junto uma audiência que se interesse pelo título. Ou seja, o foco em quem vai ouvir e quem pode se interessar pela história é um fator importantíssimo nessa escolha.
O lançamento
Escolha da voz feita, surgiu uma outra questão: quando lançar o conteúdo? E aí de novo a integração com outros formatos foi essencial... a Netflix transformou esse livro em série e a lançou este ano no Brasil. Como a Netflix, pelo tamanho e audiência que tem, gera um movimento em torno dos conteúdos que lança, fizemos o lançamento do audiobook um pouco depois do lançamento da série. Ao invés de competir com o vídeo, nos aliamos a ele pra aproveitar todo marketing, divulgação e burburinho que foi gerado para divulgar o audiobook.
Uma dica é sempre ficar atento se o conteúdo que você vai lançar está também em outros formatos, se algo na divulgação pode ser feito para conectar este conteúdo a algo que as pessoas já estão interessadas.
'Carta ao Rei' na Netflix No app
Em novembro de 2019, lançamos na Storytel um conteúdo inédito e exclusivo do Guga Mafra, neste caso não só como narrador, mas também como autor. Como Ser um Rockstar é uma não ficção, onde o Guga conta para seu filho como foi ser um adolescente dos anos 80, em meio ao Rock, a MTV, Brasília e todos os dramas adolescentes. O título foi muito divulgado para a própria audiência do podcast do Guga e em suas redes sociais, além de ter bastante destaque dentro do app da Storytel. Isto fez com que se formasse no app uma audiência em torno do Guga, o que facilitou muito quando lançamos o Carta ao Rei narrado por ele.
Como ser um Rockstar no app da Storytel | Lista Guga Mafra indica no app da Storytel | Banner Carta ao Rei no app da Storytel É sempre importante fomentar a audiência que você criou com um título com outros conteúdos que a mantenha interessada nas histórias que você publica, sejam em papel, e-books ou audiobooks. Voltando... lançamos o Carta ao Rei e colocamos ele em destaque com um banner que dizia “narrado pelo Guga Mafra”, o que imediatamente atraiu a audiência que já havia ouvido Como ser um Rockstar e os títulos indicados por ele no app.
Divulgação
Divulgamos o título em vários canais. Mas vale destacar uma ação que foi feita, que mais uma vez teve como foco o público que se interessa pela história. Fizemos um spot de áudio no Nerdcast, o maior podcast do Brasil, com uma audiência de alguns milhões de ouvintes por episódio. Mais uma vez com algo conectado com o título, na voz do Guga e dizendo inclusive que o título é originalmente um livro, que virou uma série na Netflix e que agora está disponível em audiobook. O Nerdcast tem uma audiência que: está pré-disposta a ouvir conteúdos e histórias e gosta de histórias de ficção como Carta ao Rei.
Concluindo...
Todas estas ações, integradas a outras que acabei não citando aqui pra não tornar o texto ainda maior fizeram com que, em poucos dias o título se tornasse um dos mais ouvidos na Storytel no Brasil. O áudio nada mais é do que um conteúdo adicional, que pode expandir ainda mais o acesso – e consequentemente a venda – dos conteúdos que você já publica. Além disso o áudio traz para perto um público que consome conteúdo digital via streaming e aplicativos, mas que pode não ver no livro uma opção de entretenimento e informação. E que, talvez, através de um audiobook possa também se interessar pela primeira vez em um livro. Quanto mais atento e aberto estivermos para enxergar conexões das histórias com outros formatos, outros públicos e outras formas de divulgação além das que já conhecemos, maior a chance que estes conteúdos atinjam mais pessoas, que com certeza é o que todos nós queremos. Todas estas estratégias são muito mais possíveis no digital... são mais rápidas, mais baratas e em tempo de pandemia em muitos casos as mais viáveis e possíveis. Isto não quer dizer que o digital vai salvar o mundo, mas ele pode ajudar e muito neste momento onde a tela do celular se tornou o centro do universo para muita gente.
Pra quem quiser saber mais Carta ao Rei na Storytel Como ser um Rockstar na Storytel Nerdcast com spot de Carta ao Rei Instagram da Storytel (com posts e conteúdos do título): @storytelbrasil
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