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Não é sobre subtrair humanos, é sobre multiplicar histórias

Atenção: esse texto foi escrito por um ser humano :)


Retomando a coluna por aqui, depois de umas férias mentais e as pausas de final de ano e carnaval (sim, eu gosto de carnaval e desfilo em escola de samba). Para o primeiro texto de 2023 acho que vale falar um pouco sobre o que tenho refletido sobre todos os papos, especulações, entregas e fatos que rondam a Inteligência Artificial.


Todo mundo com certeza já ouviu falar sobre o ChatGPT; meu padrasto no último almoço de domingo mal falou com a gente, porque estava conversando com ele. Com mais ou menos interação com essas novas IAs, o fato é que essa pauta tem dominado muito as conversas em diferentes rodas, desde os curiosos que acham legal poder mandar uma pergunta que uma máquina responde, até especialistas de internet e tecnologia expressando suas opiniões - e ressalvas - com o crescimento exponencial dessas ferramentas.


Um pouco antes de sentar para escrever esse texto, li na newsletter do The News que "Mais de 1100 especialistas e líderes do setor tech — incluindo Musk e o cofundador da Apple Steve Wozniack — assinaram uma carta aberta pedindo uma pausa imediata de 6 meses no desenvolvimento de inteligências artificiais avançadas.". Fruto da preocupação sobre o avanço rápido - e até onde eles percebem - sem controle e regulação dessas ferramentas.


É um fato que desde o início de 2023 esse assunto tem ganhado movimento e tamanho e que os avanços parecem uma Progressão Geométrica. A sensação é que estamos entrando em um momento onde isso vai ser cada vez mais exponencial.


Quero excluir desse papo dois cenários, que acho que não são úteis nesse primeiro momento para falar de como nós, da indústria das histórias, podemos navegar. O primeiro é de empresas e pessoas que se utilizam de um momento como esse para começar a dizer que seu negócio já está operando perfeitamente com IA e que eles são o avant-garde da tecnologia, mais ou menos como as marcas que não fazem nada o ano inteiro pela diversidade e ai colocam a bandeira LGBTQIA+ no seu logo do Instagram durante a semana da Parada do Orgulho. O segundo é de cavaleiros do apocalipse, que imediatamente reagem a essas notícias com os cenários distópicos que misturam Eu, Robô, com qualquer outro filme onde a humanidade vira escrava e serva das máquinas…não que eu duvide que se a tecnologia não for bem direcionada não possamos chegar a um ponto crítico em um futuro, mas não é assunto pra agora.


Voltando ao que nos interessa: como a indústria do conteúdo pode - pelo menos começar a investigar para os mais reticentes - o uso e os benefícios da Inteligência Artificial em prol das histórias, da distribuição, da produção e da potencialização do nosso mercado.


Quero então começar falando do assunto, usando o título do meu artigo: não é sobre subtrair humanos, é sobre multiplicar histórias. É nisso que acredito no nosso contexto. Não estamos falando de um cenário onde o ser humano é subtraído dessa equação, mas onde a tecnologia multiplica as possibilidades.


Imagine uma pequena produtora de conteúdo, uma editora de livros, ou uma produtora de podcasts, por exemplo. Às vezes uma única pessoa, ou no máximo duas ou três, tem que fazer tudo: selecionar conteúdos, fazer contratos, postar nas redes sociais, fazer releases, produzir capas e materiais de marketing, administrar vendas e canais, e por aí vai. Você não acha que nesse caso, a Inteligência Artificial pode ajudar e muito, automatizando parte desses processos? Perceba, não é sobre ter uma editora 100% controlada por máquinas, uma BookGPT, mas potencializar as mil e uma tarefas que uma empresa precisa realizar todos os dias.


Como disse Benoit Dubois (head da Associação de Editores da Bélgica) em uma entrevista que li ontem: "O ChatGPT pode trazer alívio e eficiência para os pequenos editores sufocados pela sua necessidade de escrever seus releases, conta-capas e tudo sobre seu catálogo. Você precisa aprender a viver com isso ao invés de fingir que simplesmente não existe".


Agora, imagine uma produtora ou editora grande, com muitos e muitos IPs disponíveis para serem produzidos em áudio, onde, por muitos deles serem parte da backlist (o fundo de catálogo que não engloba lançamentos, mas que tem seu público) não entram na lista de prioridade e não tem um ROI que justifiquem transformá-los em um produto em áudio. Nesse caso, com um investimento significativamente menor - e importante dizer, ainda restrito a conteúdos de não-ficção - você pode rapidamente disponibilizar esse conteúdo em áudio para ser vendido e consumido. Bom para os autores e criadores que ganham um formato a mais para suas histórias, bom para as editoras e produtoras que passam a ter uma receita nova e melhor ainda para o ouvinte, que passa a ter cada vez mais, um catálogo crescente e robusto de conteúdos para escolher comprar e ouvir.


Mais do que uma visão de negação de não querer que essas tecnologias aconteçam ou fingir que elas não existem - tenho que te dizer que sua resistência não tem efeito nenhum - ou mais do que assumir uma postura apocalíptica e paralisante de cenários distópicos, precisamos usar toda a nossa humanidade para entender e sermos criativos - lembrem que o ChatGPT não está criando, ele está organizando informações já existentes - sobre como, onde e porque podemos inserir essas tecnologias no nosso dia a dia e sermos beneficiados por elas.


Mais uma vez, não é sobre subtrairmos os humanos dessa equação, mas sim oferecer para esses mesmos humanos ferramentas que potencializem seu trabalho e tragam ainda mais conteúdos para a imensidão de pessoas de carne e osso que amam e sempre vão amar uma boa história.


Fica com medo não, vai dar tudo certo :)


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