Fiz um exercício de revisitar meus artigos que escrevi nos últimos 7 anos e percebi (ou confirmei) que sempre, acima de tudo falo de histórias. Como parte do meu processo de autoconhecimento, fico sempre tentando definir o que eu faço profissionalmente, tentando dar um nome pra isso. Algo que não seja - só - um cargo.
Quando alguém me pergunta, demoro alguns segundos para responder: trabalho com cultura, sou do mercado de conteúdo, trabalho em tecnologia…as vezes falo do formato, do tipo de empresa, da área, do modelo de negócio…mas sempre sentia que isso era algo que não respondia o que eu tenho feito na última década. Recentemente, consegui definir melhor: sou ponte. Ponte entre histórias e pessoas. Tenho feito isso em diferentes lugares, de diferentes formas, com diferentes formatos de conteúdo, mas sempre conectando histórias e pessoas. Sempre me conectando com essas pessoas, com essas histórias.
Sempre que conto minha trajetória no mercado de conteúdo, começo lá atrás, dizendo que nasci livro - minha mãe descobriu na noite de lançamento do seu livro infantil que estava grávida - e que não existia outra possibilidade em mim que não fosse trabalhar com histórias. Mas quando avanço algumas décadas e chego no começo dos anos 2010 isso se torna uma profissão: começo com os livros, os ebooks, os projetos multiformatos e os audiobooks e podcasts. Sempre e de variadas formas, sendo ponte.
Por isso acredito muito nos conteúdos multiformatos - não, não estou abandonando o áudio, mas resgatando outros formatos que possam também ajudar a disseminar uma boa história.
Lembro que quando comecei a trabalhar com livros digitais, martelava o tempo todo e em todas as oportunidades "adicionar formatos não é subtrair leitores, é multiplicar leituras".
Porque é nisso que acredito como ferramenta de conhecimento, liberdade e acesso: muitas histórias em múltiplos formatos. Porque as boas histórias sempre vão existir…o que muda são os formatos e suportes que usamos para contá-las. Começamos lá atrás com a voz, depois a escrita, a imagem…e hoje temos tudo isso junto e disponível. E mesmo quando olho pra frente, vejo um futuro incrível para as boas histórias: um metaverso ou qualquerverso, sem histórias, sem as nossas histórias, é só uma terra morta…são os conteúdos que geram empatia, identificação, empoderamento, libertação!
E, quando falo de multiformatos, isso cabe no mais óbvio: papel, tela, áudio…mas também cabe em cada um desses formatos. O áudio por exemplo, tem os audiobooks, audiodramas, podcasts, dramacasts, storycasts, podcasts de ficção…e tantos outros formatos que ainda vão surgir. Assim como eu, os formatos são ponte, que conectam através de um pedaço de papel ou de um fone de ouvido uma pessoa e uma história.
Por isso, nós que trabalhamos todos os dias nesse ofício de ligar pontos e conectar histórias nunca deveríamos nos preocupar com formatos, porque como diz o Tyrion Lannister em Game of Thrones "Histórias - não há nada no mundo mais poderoso do que uma boa história. Nada pode pará-la. Nenhum inimigo pode derrotá-la".
E você, tem sido ponte pra quais histórias por aí?
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