Em um ano como este, em que o mercado e o país estão em crise, não nos resta outra opção que não seja inovar, com mais velocidade. Na maneira de pensar, de produzir, de gerar novas oportunidades e manter nossos negócios sustentáveis e saudáveis.
Estamos sentindo na pele a inflação e a desaceleração de muitas áreas da economia, mas alguns números continuam animadores. Segundo estudo publicado pela FGV em abril de 2015, o acesso à tecnologia no Brasil vem crescendo e o número de smartphones já bate a casa dos 154 milhões; tablets são 24 milhões e se totalizarmos os dispositivos conectados à internet, são 306 milhões.
Claro, ainda existem muitas questões a resolvermos, como o acesso à internet por um preço mais justo e devices mais baratos; lembro que no ano passado, na Itália, comprei um chip pré-pago por 20 euros mensais que permitiam 3 mil minutos para ligações, internet e SMS ilimitados. Muito diferente do que temos atualmente por aqui.
Isso pode parecer um problema, já que é isso, em essência, o que o mundo digital deve fazer: distribuir ainda mais conhecimento para um número maior de pessoas. Mas vamos falar dos fatos positivos. Hoje, temos, sim, um país onde uma parcela significativa da população utiliza celulares, tablets e computadores conectados à internet muitas horas por dia. Quando falamos especificamente do celular, esse número de horas aumenta exponencialmente. Sou um dos usuários que entra facilmente nessa estatística!
E aí surge uma questão, levantada pela amiga e companheira de aventuras digitais, Susanna Florissi: dizer hoje que o brasileiro não lê, não é uma verdade tão absoluta. O brasileiro lê, sim, e muito. Basta observarmos os celulares. O consumo de informação é imenso. Agora, se o que é consumido hoje tem qualidade, é uma outra história.
A questão é: temos um consumidor que já está com a tela na frente dele durante muitas horas do dia; ele já está conectado à internet e já lê de alguma maneira. O quanto estamos aproveitando este leitor para fazer com que ele troque a leitura de algo da internet por um livro, um conto digital que ele pode ler enquanto vai ao trabalho, ou, ainda, um livro que ele pode ouvir enquanto espera em uma fila qualquer?
Em um país continental como o Brasil, o digital pode representar uma maneira rápida, eficiente e barata de distribuir conteúdo de qualidade para um número cada vez maior de pessoas, através da internet, para que leiam em um aparelho com o qual já estão familiarizados e usam cada vez mais, para um número maior de atividades.
Na minha visão, chegar ao leitor final é o maior desafio e pode ser a maior recompensa, seja para conquistar um novo público, seja para capilarizar as vendas e não ter a maior parte do faturamento concentrado em um único grande cliente.
O leitor tem cada vez mais o poder de escolha na compra. Agora, não são só as editoras que escolhem o que colocar no mercado; os leitores ditam as regras. Então, parece fazer muito sentido aproveitar este consumidor digital para construir clientes e leitores fiéis.
Afinal, “enquanto uns choram, outros vendem lenço”.
Texto originalmente publicado em www.publishnews.com.br
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